O Brasil precisa investir mais em pesquisas com células-tronco e melhorar a legislação e as condições da pesquisa científica e tecnológica. Esse foi o consenso formado na audiência pública realizada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado (CCT), ontem, para debater novas tecnologias de células-tronco.
Pesquisadores e representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde mostraram os avanços dos estudos com células-tronco mesenquimais, que são células-tronco adultas capazes de se diferenciar em diversos tecidos, tal como ocorre com as células-tronco embrionárias. Segundo a coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano, Mayana Zatz, essas células estão sendo preciosas para a pesquisa, pois o cientista pode reprogramar a célula da pele de um paciente para fazer qualquer linhagem celular desse paciente.
- Com isso, você pode estudar, nas diferentes células, como é que o gene se expressa. Pode-se testar milhares de drogas nas células que, obviamente, não se poderia testar nos pacientes – afirmou.
De acordo com a pesquisadora, o centro, que é ligado à Universidade de São Paulo (USP), atualmente está estudando autismo, doenças neuromusculares e esclerose lateral amiotrófica (ELA).
O diretor no Brasil da empresa americana GID, Sérgio Vieira, falou do uso das células-tronco mesenquimais retiradas do tecido adiposo, possibilitando o tratamento pela medicina regenerativa de doenças autoimunes e vasculares, necroses e outras. Segundo Vieira, alguns países já estão realizando -procedimentos com sucesso em pacientes.
- O tecido adiposo tem muito mais células do que o cordão umbilical ou a medula óssea. O acesso é fácil e muito pouca gente quer a gordura. O enxerto é realizado com células frescas, sem manipulação de laboratório – explicou.
Investimento
De acordo com o chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Antônio Carlos Carvalho, o ministério investiu, desde 2005, mais de R$ 110 milhões em 150 projetos de pesquisa na área de células-tronco. O valor é -considerado baixo se comparado ao -investimento feito só no estado da Califórnia, nos Estados Unidos – de US$ 3 bilhões, de acordo com Mayana Zatz. Para a pesquisadora, também falta investimento do setor privado, ao contrário do que ocorre em outros países. Ela defendeu a aprovação de uma “Lei Rouanet para as ciências”, para incentivar doações de pessoas físicas à pesquisa. Sobre o tema, tramita na CCT o PLS 474/2012, de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que permite dedução das doações a projetos de pesquisa científica e tecnológica da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física.
(Jornal do Senado)
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