Pensa em uma mulher com belo corpo que usava salto 15, dançava, atraia olhares por onde passava trabalhava, cheia de energia, assim era EU!
Depois de sentir algo estranho no corpo, dificuldades para realizar coisas simples do dia-a-dia, decidi ir ao médico, queria saber porque eu fazia tudo, foi só casar ter filhos isto mudou, pensei é falta de praticar exercícios em academia, dançar etc.... fui!! Os sintomas pioraram, depois de uns 2, 3 anos em exames com clínico geral e ortopedista, o exame CPK deu bem alterado, fui encaminhada para um neurologista onde ao ver o CPK solicitou eletroneuromiografia que também acusou algo ( nada me foi dito) em seguida disse que eu teria que fazer uma biópsia muscular, eu leiga de tudo perguntei: o que é isto? Ele explicou e assim fiz, acho que ele não acreditou no resultado e pediu pra repetir. Alguns dias volto ao consultório e ele todo educado diz: você é amiga unida com sua familia? Eu disse sim porque Dr? Ele respondeu segurando em minhas mãos, porque você vai precisar deles, ( nem eu nem ele sabiamos que minha familia é desenterassada)
acho que ele nao sabia me explicar bem, mas disse: olha deu um probleminha no seu exame no qual o único lugar no Brasil que estuda esta doença é: no Instituto Genoma na USP ( isto foi +ou- em1988 a 1990) sai do consultorio inocente de tudo e pensei! esse médico sabe de NADA, vou procurar outro, assim fiz!
Na clinica Portugal em Goiania passei por outro especialista que ao ver todos exames que ja tinha feito, solicitou outra biópsia muscular, fiquei triste porque não queria sentir tudo aquilo de novo. Depois de alguns dias volto pra saber o resultado, este profissional foi muito fofo e delicado com as palavras, chegou a dizer não sei como te dizer, pois você é uma jovem linda cheia de vida, mas me explicou bem o que eu tinha e as consequências futuras que iria enfrentar, achei apenas ruim mas NÃO sabia não tinha menção da GRAVIDADE era jovem muito inocente das maldades e crueldades da vida. Neste mesmo dia teve alguém que absolveu bem as palavras do Dr ( meu esposo) e na minha frente disse: Dr esta doença pega? O médico explicou que a única prejudicada seria eu, mais uma vez não vi malícia nisso ( hoje sei que ele naquele momento CRAVOU um punhal no meu peito além de ter sido desumano), fomos para casa. Não sabia eu que minha vida iria se transformar de água pra vinho, passei a ser agredida fisicamente e verbalmente pelo companheiro. Separei fiz uma rifa de uma máquina fotográfica que tinha, para conseguir o $$ para ir na USP, fui em 1996 passei por uma ótima equipe formada pelas Dras Mayana Zartz e Rita Pavanello, nesta época minha irma walkiria foi comigo, fiz vários exames e mais uma biópsia, que tambem acusou distrofia muscular progressiva, esta equipe no genoma foram mais além nas explicações com todo jeitinho me disseram tudo fui bem orientada( dizendo minha irmã que em particular eles a consultaram pra saber se deveriam dizer a mim ou a familia. Minha irmã disse digam a ela, porque conhecendo-a ela vai revirar o mundo até saber). Durante a viagem de volta a Goiânia que na época fui de ônibus nao sabia nada de TFD muito menos de direitos, vim chorando de SP a GO ai sim a ficha caiu ( lagrimas). Mais uma vez uma nova vida se inicia, agora tendo consciência da gravidade doque é distrofia, ao mesmo tempo que eu pensado nas consequências do futuro que esta doença ia me deixar eu pensava que tinha DUAS VIDAS que dependiam e precisavam de mim MEUS FILHOS, encontrei forças onde nao sei.... Deixei o lado do anjinho falar mais alto, busquei conhecer a distrofia e assim os anos foram passando eu aceitando e encarando as limitações. Com tempo isto em 2004 decidi pedir uma receita para uso de cadeira de rodas pois estava tendo muitas quedas, quando esta cadeira saiu não foi facil eu aceitar, até mentia para as amigas e pessoas que não encontrei lugar para estacionar justamente para nao ter que descer de cadeira, pensava que todos iam me olhar com indiferença, nesse mesmo ano meus filhos resolvem sair de minha casa para ir morar com pai ( pai dava mais liberdade e com melhor condição financeira), lembrando que separei em 1992, desde esta época até 2004 o pai nunca os visitou e só deu pensão após ordem judicial, sofri muito pois pensava o que vai ser de mim agora? Tudo isto fez eu ter dificuldades no início em aceitar a cadeira, chorei sem parar lágrimas de sangue por uns meses, um certo dia ERGUI a cabeça e DISSE : chega! Preciso de mim, me amo eu sou forte e vou lular por mim e pela vida, assim fiz e escolhi por viver, SEMEAR forças e o que eu aprendi nessas lutas, para pessoas em qualquer circunstâncias que o melhor que se tem que fazer é viver e nunca desistir..... Devemos nos amar e amar ...... todas as fases vividas sempre busco e luto sozinha ( desde 1987 apenas 2x tive cia de irmãs para consulta minha família nunca buscou conhecer a doença, participar para melhor eu viver, retardar a doença e a realizar sonhos, um deles formar ser juiza, nesta vida aprendo com as barreiras, necessidades e obstáculos que surgem. Em tudo isto aprendi que quando deixamos a humildade, o lado positivo otimista, falar mais alto, isto nos fortalece e encorajam .
Com carinho att
Rita de Cássia
Go 20/11/17
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